Estima-se que o mercado de calçados esportivos — e que invariavelmente não são usados para a prática de esportes — tenha movimentado algo em torno de 152,4 bilhões de dólares em 2022. Há, em torno de grifes conhecidas e outras nem tanto, uma real cultura, com C maiúsculo. A era do tênis, que associa praticidade e elegância (ou não, tanto faz) a um jeito de ser, a manifestos políticos, talvez seja uma das mais fortes marcas da passagem do século XX para o XXI.
Dá-se a permanência do fenômeno com o relançamento de clássicos que não perdem o charme. Um exemplo claro desse resgate de silhuetas históricas vem da Adidas, que acaba de pôr nas redes uma campanha centrada em três modelos: Gazelle, Superstar e Samba. No final do ano passado, as colaborações com a grife Gucci e a estilista Wales Bonner motivaram uma demanda sem precedentes pelo Samba, lançado originalmente na década de 1950.
“Esse olhar nostálgico é valioso para a cultura dos tênis”, diz Fernando Hage, coordenador do Curso de Moda da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap). Vira-se para o passado de mãos dadas com o presente. Um tênis descolado serve ao rock, ao hip-hop e ao skate. Serve à luta dos negros por direitos iguais aos dos brancos.
Revista Veja
