Após anos trabalhando para outras empresas que se instalavam na China, o brasileiro Ricardo Leite decidiu lançar seu próprio negócio. Quase duas décadas depois, ele viu o setor se transformar e, mesmo com vários concorrentes deixando a região em busca de zonas de produção mais baratas, conseguiu encontrar seu equilíbrio em solo chinês. Dongguan, na província chinesa de Guangdong, é conhecida por já ter sido uma das cidades com o maior número de brasileiros da China. Vindos principalmente do Rio Grande do Sul, essa diáspora trabalhou durante muito tempo nas dezenas de fábricas de calçados da região, contratados graças a um know how adquirido no setor calçadista do Sul do Brasil.
Hoje a empresa de Ricardo produz cerca de 6 milhões de pares de calçados por ano, um número impressionante visto de fora, mas considerado relativamente pequeno para os padrões chineses. A média anual de uma empresa de calçados do país é de 20 milhões de pares. Mas essa foi uma escolha do empresário, que preferiu apostar em quantidades "menores" e produtos com maior valor agregado, respeitando uma série de regras. "A gente trabalha num nível de produto um pouco mais caro, não usa mão de obra infantil e controlamos todas as empresas [prestadoras]", enumera Leite, que hoje fornece calçados para marcas internacionais como a americana DKNY ou a italiana Fila.
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