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Calçado brasileiro precisa encontrar seu próprio nicho nos EUA

Para se reposicionar no mercado norte-americano, que importa 2,1 bilhões de pares ao ano, o calçado brasileiro precisa encontrar seu próprio nicho, criar uma identidade, unir esforços, capacitar-se e desenvolver ações comerciais complementares às que atualmente são realizadas, como a participação em feiras internacionais. Estas são algumas das informações apresentadas por integrantes ao Pacto Calçadista a cerca de 120 profissionais, entre empresários, dirigentes de entidades e parceiros, do cluster em evento na ACI, nesta segunda-feira, 29.


O evento foi aberto pelo presidente da ACI, Robinson Klein, que agradeceu a todos pela presença. Em seguida, a vice-presidente de Internacionalização, Sheila Bonne, destacou a importância do processo de internacionalização das empresas da região. O presidente do Conselho Estratégico do Pacto Calçadista, Marlos Schmidt, destacou o histórico, os valores e os objetivos do movimento. “Somos geradores de oportunidades e queremos evoluir juntos, para fazer com que o setor seja mais forte e pujante a partir das competências que tem”, disse.


O gerente regional do Sebrae nos vale do Sinos, Paranhana e Caí, Marco Copetti, destacou o desejo de transformar a realidade a partir das ações do Pacto Calçadista, que reúne estratégias, lideranças e conhecimentos. “O futuro do cluster calçadista regional será melhor a partir da integração de entidades, empresas e profissionais”, afirmou.


Entre os dias 15 e 19 deste mês, Karin Becker, Everson Rodrigues e Christian Thomas participaram, em Nova Iorque, de encontro da Associação dos Distribuidores e Varejistas da América (FDRA), que reúne 304 importadores, emprega 278 mil pessoas e comercializa 5,9 bilhões de pares ao ano. Durante o evento, além de manterem contato direto com a direção da entidade, tiveram acesso a informações sobre consumo e prospectaram oportunidades para o calçado brasileiro.


“Nossa participação no evento e o contato com a FDRA e membros foram além das expectativas”, disse Karin. Conforme ela, a missão identificou necessidades e novas possibilidades de negócios que serão úteis para o direcionamento das atividades do Pacto Calçadista. “Teremos acesso a todas as informações que a associação disponibiliza” acrescentou.


Mudança de mercados


Conforme Everson Rodrigues, informações da FDRA indicam uma mudança da participação de mercados. Enquanto China perde participação, Vietnã, indonésia e Camboja aumentam sua presença no fornecimento de calçados aos Estados Unidos. Em relação a produtos, o segmento de calçados esportivos cresce em níveis recordes, enquanto outros têm declínio. “Os importadores norte-americanos querem deixar de realizar negócios com a China, mas não há, neste momento, quem consiga suprir sua demanda”, destacou.


Enquanto a China ainda lidera o fornecimento de calçados aos Estados Unidos, com 1,2 bilhão de pares, o Brasil ocupa a nova posição, com apenas 11 milhões de pares exportados aos EUA. “O Brasil é o único país que perdeu participação no mercado norte-americano e o único que aumentou os preços”, acrescentou.


Vantagens do Brasil


Christian Thomas destacou alguns fatores que beneficiam o reposicionamento do produto made in Brazil, como os tempos de produção e de transporte inferiores aos da China, além dos produtos desenvolvidos, da qualidade das matérias-primas, da participação em feiras internacionais e do fato de estar uma estação à frente.


Conforme Christian, o Brasil não deve disputar com a China o fornecimento de calçados mais baratos. Deve buscar posicionar-se num segmento acima do de entrada, que oferece maiores possibilidades de negócios. “Podemos vender sandálias o ano inteiro e temos um cluster completo, em que, num raio de apenas 60km, localizam-se empresas de todos segmentos. Além disso, temos um compliance rigoroso e programas de sustentabilidade, fatores que serão muito valorizados pelos importadores nos próximos anos”, explicou. Ainda conforme o conselheiro e membro do Pacto Calçadista, o Brasil precisa encontrar seu próprio nicho de mercado, valorizar sua vocação calçadista e utilizar diferenciais como as tecnologias de conforto.


Próximos passos


Após a apresentação das informações obtidas em Nova Iorque, os integrantes do Pacto Calçadista mantêm encontros digitais semanais com a FDRA e planejam produzir e enviar uma newsletter semanal para promoção do cluster. Também pretendem trazer uma comitiva da FDRA para visitar o cluster no Vale do Sinos e realizar ações de capacitação de profissionais e empresas da região.


ACI


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